Este blog é um conjunto de colunas que escrevo.

(Péssima introdução, mas leiam mesmo assim!!)

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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Columns 2- Lembranças

Se tiver de fato alguma coisa nesta vida de interessante, engraçada, e além de tudo complicada e perigosa, esta coisa é sem dúvida a memória.

Dizem que somos até mesmo capazes de inconscientemente inventar lembranças de momentos que não vivemos.Mas se somos de fato capazes de nos lembrar de coisas que não aconteceram conosco, por outro lado, também somos incapazes de nos livrar de certas lembranças incomodas que nos atormentam durante toda a vida. Quem já não sonhou em fazer como no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças, e deletar lembranças ruins? A psiquiatria realizava eletro choques em pacientes porque o choque atinge a memória e faz esquecer certos episódios perturbadores de nossa existência. Até hoje, embora usado de modo legal e de acordo com os direitos humanos, a medicina pode recorrer ao uso do eletro choque para salvar um paciente que está sendo literalmente assassinado por suas próprias lembranças.

Já aconteceu com você de viver um momento pensando em como você vai lembrá-lo depois? Sabe quando você vê o que está acontecendo e imagina como você gostaria de se lembrar dele? Então, em geral são aqueles momentos em que você procura desesperadamente tirar fotos e mais fotos. São aqueles momentos em que você se lamenta profundamente de ter esquecido a câmera, ou da bateria ter acabado, lamenta tão profundamente que nem sequer aproveita realmente o pôr-do-sol; ao invés de concentrar-se em viver este pôr-do-sol, você está concentrada demais em imaginar como você se lembraria deste momento mágico (se você tivesse se lembrado de recarregar a maldita máquina). Essa obsessão em preparar as futuras lembranças impede o ser humano de viver intensamente os momentos que virarão lembranças. E o mais curioso é que essa obsessão é para você se lembrar de um momento que você supostamente teria vivido intensamente.

Às vezes me pergunto: e as pessoas que viveram antes da era da fotografia, elas não tinham por acaso lembranças? Tudo bem que você pode argumentar que a esperança de vida era menor, próxima aos 30 anos de idade e hoje em dia, estamos vivendo em média 80-90 anos o que significa que temos três vezes mais coisas para lembrar e que para isso precisamos de um auxílio. Mas o que realmente importa, é que se vivemos um momento que não é registrado por nenhuma câmera fotográfica, é como se não o tivéssemos vivido, ou apenas parcialmente. E isso não é válido apenas para pequenos eventos de nossa vida. Imagine um casamento, sem dúvida um dos dias mais importantes na vida de uma mulher, se não tiver nenhuma foto será sempre mais difícil se lembrar desse dia especial. Pois nos lembramos a partir das fotos. Pense no rosto de uma pessoa muito querida que você não vê há muito tempo (muito tempo: seis meses já basta), você não consegue recordar-se direito de seu rosto, e se por acaso você conseguir imaginar um retrato relativamente nítido verá que o reconstituiu a partir de uma foto, não de uma lembrança.

O mais curioso de tudo, porém é que quando o tempo finalmente passa e o momento é arquivado como lembrança, nunca nos lembramos dele como imaginamos que seria. Alias, a maioria das vezes, acabamos nos lembrando de coisas absolutamente inusitadas e que nunca imaginamos que iríamos gostar de recordar. Em vez de você se deliciar com as recordações de férias perfeitas em um hotel cinco estrelas com seus amigos, você vai se lembrar daquele dia em que vocês pegaram um ônibus infernal às seis horas da manhã e foram parar numa ilha chuvosa cheia de pernilongos felicíssimos com a visita de vocês. Ao invés de se lembrar da super mega festa da fulana de tal, você se lembra de um sábado chuvoso no qual você foi à livraria com uma única amiga e vocês ficaram vendo o livro dos recordes tomando um chá muito inusitado e ruim do Starbucks (sendo que você normalmente pede um Caramel Macchiato).

No final das contas, nos lembramos sim de coisas que não estão presentes em nossos álbuns de fotos. E às vezes nossos álbuns de fotos parecem àquelas fotos de porta-retrato, aquela família feliz e loira que na verdade é composta de quatro membros-modelos que mal se conhecem e que estão num estúdio fotográfico ensaiando um sorriso colgate. Sim, às vezes nossos álbuns estão simplesmente vazios, sem um verdadeiro momento neles, apenas fotos sem sentimentos e recordações. E às vezes nos lembramos de tardes deliciosamente aflitivas e que foram insuportáveis na época, e que hoje pertencem a um passado mais feliz arquivado na sua memória.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hello Sikander! Adorei seu blog e adorei essa sua idea de escreve essas "columns". Os assuntos sao muito interessantes ajuda-nos a pensar mais sobre essas coisas que banalizamos por conta da correria do dia dia ou ate pq temos vergonhas de pensar ou fzr! Continue publicando coisas desse tipo e arrisca!! Publica suas historias que tenho certeza que vc ja escreveu

Unknown disse...

Concordo com o anônimo aí de cima, os assuntos são daquele tipo em que vc só pensa num momento filófico, olhando o céu azul e percebendo q a vida não é tão boa, mas ainda assim a adoramos e tentamos entende-la...sugestão de tema: privacidade =D